Da apresentação de Ana Suy: Freud se perguntou o que queriam as mulheres. Lacan, de sua parte, afirmou que, sobre o gozo, “elas” não diziam nem uma palavra. Já Denise Maurano, uma mulher, corajosamente responde ao chamado que o Real lhe faz e escreve sobre o impossível de pôr em palavras aquilo que diz respeito ao feminino.
Além de um riquíssimo conteúdo de teoria psicanalítica, nossa autora também faz uso de uma escrita feminina que respira liberdade — ainda que inscrita (ou provavelmente por isso) na lógica fálica.
Encontramos neste livro uma escrita com curvas sinuosas, letras intensas e palavras bem orquestradas. Com isso, Denise demonstra seu amor pela escrita, pelo impossível, pela psicanálise, pelo feminino que habita o corpo, o que desemboca em um amor pela própria natureza. É preciso dizer que esse amor ao qual me refiro é constituído por uma ética feita de rigor científico, pelo reconhecimento de limites e – por que não? – por uma escrita poética.
Reviramentos do feminino
