Nos primeiros tempos, de imersão total, a análise pro voca um perigoso estado de tensão que se traduz inicialmente por uma perda do senso de humor. Lembro de uma festa em casa de amigos num salão tipi camente parisiense. Sentados na minha frente num sofá, dois rapazes falavam de Lacan. Um deles tinha um cargo qualquer no Ministério da Cultura. Eu conhecia o outro, considerado inteligente, desde nossos vinte anos. Durante cinco minutos, tive força para não intervir ape sar da burrice das contraverdades proferidas. Depois de ata car metodicamente sua técnica — era um perigoso malfeitor, um charlatão, um assassino —, investiram contra sua pessoa — grotesca e pretensiosa, nem é preciso dizer —, seus ca sacos de pele, camisas de gola Mao — ridículas na sua ida de —, sua fortuna — era escandaloso como ele tapeava os ingênuos — para concluir que estava se tornando urgente “fazer alguma coisa para impedi-lo de prejudicar os outros”. Em ultimíssimo caso, posso me conformar com a fra queza de um